quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Visita da CERT à FDRP

Arrisco-me a dizer que na manhã desta última quarta (14/09) ocorreu na nossa faculdade a reunião mais importante do ano para os propósitos que a FDRP ostenta. Para quem não sabe, a CERT (Comissão Especial de Regimes de Trabalho) está iniciando um processo de elaboração de mecanismos de avaliação da atividade docente na USP. Nesse momento, esse projeto está na sua primeira fase, na qual os membros da Comissão estão visitando as unidades e conversando com os membros das suas instâncias decisórias, apontando problemas e propondo soluções relacionadas ao tema.
O membro que ficou encarregado de visitar a FDRP foi Ricardo Ribeiro Terra, Professor Titular de Teoria das Ciências Humanas da FFLCH-USP e coordenador do Núcleo de Direito e Democracia do CEBRAP. Segundo relatos, inevitavelmente distorcidos pelas imprecisões da minha percepção, a conversa foi incisiva. Primeiro, porque o representante estava inteirado dos conteúdos dos relatórios enviados pelos nossos professores para a CERT, bem como dos conflitos de interesses entre docentes e a FDRP. Depois, porque desmitificou visões consolidadas entre os docentes da área de Direito, referentes à avaliação da produção de trabalhos acadêmicos bem como da produtividade no exercício de suas atividades.
Com relação ao primeiro tópico, dentre outras coisas, o professor atacou o corporativismo existente entre os nossos professores que coadunam com relatórios muitas vezes medíocres apresentados pelos docentes à apreciação da CERT; defendeu que mesmo a expressiva cifra de alunos com bolsa de iniciação científica da FDRP é resultado pífio se comparado a outras unidades de maior excelência acadêmica; sustentou a necessidade da elaboração de planos de longo prazo para a pesquisa, ensino e extensão segundo critérios internacionalmente aceitos e apontou para a baixa produtividade da maior parte dos nossos docentes.
Com relação ao segundo, desmistificou a imagem da São Francisco enquanto ilha de excelência, defendendo que a escola, apesar da sua tradição, não representa exemplo a ser seguido pela FDRP, dada a pequena produção acadêmica per capita dos seus docentes, a alta parcela de professores em regime de dedicação parcial, e o baixo impacto de grande parte da sua produção acadêmica, excessivamente concentrada em publicações na revista da própria FDUSP. Criticou ainda a postura relutante de parcela dos professores que atribuem à “carência de recursos” a pequena produção intelectual dos nossos professores, mostrando exemplos de unidades dentro da própria USP com resultados excelentes e com recursos ainda mais precários.
Nesse contexto, fico imaginando: O que diria o ilustre visitante a respeito do costume que vai se consolidando entre alguns de nossos professores que lecionam/orientam alunos da São Francisco, não mostrando interesse na consolidação da pós-graduação aqui na FDRP? E sobre as atividades desempenhadas por outros como professores de cursos privados oferecidos sem a devida comunicação e aprovação pelos seus respectivos departamentos, Congregação e a própria CERT? E a respeito do interesse mostrado por grande parcela dos docentes de alterar seus regimes de trabalho para atuarem como professores em tempo parcial no futuro?
Se na FDRP os pleitos defendidos por esse blog para a identificação e aplicabilidade dos interesses comuns dificilmente ganham adeptos, em especial quando potencialmente conflitantes com interesses privados muitas vezes difíceis de identificar (como a transparência das discussões ocorridas nos órgãos colegiados), parece que é na CERT que minha esperança restará depositada a partir desse ponto.  Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.   
egvser

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