quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Revista Piauí: A PUC é mais difícil do que a Princeton!

Post de uma aluna da Universidade Princeton, em intercâmbio na PUC-Rio, sobre a sua experiência acadêmica na Brasil.

Fonte: http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/questoes-estrangeiras/geral/back-to-school

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I have a confession to make. PUC is harder than Princeton.
Maybe not in terms of workload, or reading difficulty, or even the fact that all my classes are in Portuguese. PUC is hard because it feels like high school. I know that it’s only been two years, but I’d completely forgotten what it was like to be in a classroom and feel that nobody wanted to be there. “You have the right to miss up to 25% of the classes,” one professor explained wearily as students texted in the back of the room. “If you copy from Wikipedia on your midterm, we will find out,” said another. At one point during a Brazilian literature course, the professor was resolutely talking over at least 3 different whispered conversations; in a 4-person history seminar, the benevolent old professor actually had to shush 50% of the class.
PUC is hard to deal with because people don’t seem to care about the classes, or know why they’re there. All right, that’s not true of everyone. The four of us were talking before the history seminar, and one of the students is working 10 hours a night while writing his thesis because he has a one-year-old daughter. A rare few seem genuinely excited about the courses.
But often even I can’t understand why. I’ve witnessed professors come into class and spend the entire time reading out loud. I don’t mean reading prepared notes, I mean repeating the assigned text and occasionally elaborating. My course on Poverty and Social Inequality had a lively discussion the other day, but that’s only because everyone was complaining about the cost of living in Rio. (If there’s one thing Brazilians love, it’s complaining about food prices. Seriously. I swear, I can walk up to any carioca and whine about how much cheese costs at Zona Sul, and we can keep going like that for at least half an hour. Instant friendship.)
“Oh, you should be fine,” one PUC student said when I listed the courses I was planning to take. “Those are all in humanities. So pretty much you just have to show up to a few classes and then do all the readings right before the exam.” I laughed nervously, hoping he was kidding, but that doesn’t appear to be the case.
I might have been under incredible stress at Princeton, reading and writing at least 10 times more, but I thrived on my work. And so did most everyone around me. I’d come out of a really provocative seminar discussion walking on air; here, I have to show up to class, sit for 2 hours, and get my name checked off on the roll. (Yes, they call roll.) Sometimes it doesn’t feel like college so much as afterschool detention. So, yes, PUC is hard.
Flora é estudante de português e espanhol em Princeton University e está no Brasil como aluna de intercâmbio.



sábado, 24 de setembro de 2011

Exame da OAB (jul-2011): Resultados das 50 faculdades mais bem avaliadas

Os resultados preliminares do último exame da OAB divulgado ontem mostram que somente três faculdades paulistas figuram entre as 50 melhores do país, havendo poucas mudanças em relação ao ranking anterior em matéria de identificação das melhores escolas.
A São Francisco subiu algumas posições, aparecendo em terceiro lugar nessa última prova. A UNESP de Franca caiu algumas, mas o resultado geral das duas escolas foi considerado excelente, já que conseguiram se manter entre as dez melhores escolas do país. Destaca-se ainda a terceira colocada no Estado de São Paulo, que não foi a PUC-SP, o Mackenzie, a FACAMP ou a ITE, mas a União das Escolas do Grupo Faimi de Educação (Faimi), localizada na pequena Mirassol, no Oeste Paulista.
Observa-se ainda a grande porcentagem de alunos reprovados, que, mesmo entre as melhores escolas do país, oscila em torno dos 35%. Imaginem só o que aconteceria com o professor que ousasse reprovar essa mesma parcela de alunos numa única disciplina, por pior que fosse o desempenho dos alunos. Certamente, o ódio de toda a coletividade se concentraria sobre a sua pessoa. Contra a OAB, contudo, pouco se pode fazer.
Segue abaixo a lista com as 50 instituições com melhor desempenho na OAB:
AS 50 MELHORES E A TAXA DE APROVAÇÃO
1ª) Universidade Federal de Sergipe – UFS – São Cristóvão – SE 69,44%
2ª) Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG - Belo Horizonte – MG 64,71%
3ª) Universidade de São Paulo – USP - São Paulo – SP 63%
4ª) Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS - Porto Alegre – RS  62,22%
5ª) Universidade Federal de Juiz de Fora – UFFJ – Juiz de Fora – MG 60%
6ª) Universidade Federal do Paraná – UFPR - Curitiba – PR 59,18%
7ª) Universidade de Brasília – UnB - Brasília – DF 58,33%
8ª) Universidade Federal de Santa Maria – UFSM - Santa Maria – RS 57,14%
9ª) Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP - Franca – SP – 56,67%
10ª) Universidade Federal do Piauí – UFPI - Teresina – PI – 55,56%
11ª) Universidade Federal do Espírito Santo – UFES – Vitória – ES – 54,55%
12ª) Universidade Federal de Goiás – UFG - Goiânia – GO – 54,35%
13ª) Universidade Federal do Ceará - UFC - Fortaleza – CE – 54%
14ª) Fundação Universidade Federal de Viçosa – UFV - Viçosa – MG – 53,85%
15ª) Universidade Estadual de Londrina - UEL - Londrina – PR – 53,85%
16ª) Universidade Federal da Bahia – UFBA - Salvador – BA – 53,06%
17ª) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB – Vitória da Conquista – BA – 51,72%
18ª) Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT - Cuiabá – MT – 50%
19ª) Faculdade Estadual de Direito do Norte Pioneiro – FUNDINOPI - Jacarezinho – PR – 50%
20ª) Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN -Natal-RN – 50%
21ª) Universidade Federal da Paraíba – UFPB – João Pessoa – PB – 48,98%
22ª) Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR - Porto Velho – RO – 48,28%
23ª) Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC - Florianópolis – SC - 47,27%
24ª) Universidade Federal de Roraima – UFRR - Boa Vista – RR - 47,06%
25ª) Universidade Federal de Pernambuco – UFPE - Recife – PE - 46,15%
26ª) Universidade Federal Fluminense – UFF - Niterói – RJ - 45,28%
27ª) Universidade Salvador – UNIFACS - Salvador – BA - 44,59%
28ª) Fundação Universidade Federal do Rio Grande –FURG - Rio Grande – RS - 44,12%
29ª) Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES - Montes Claros – MG - 43,90%
30ª) Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS - Feira De Santana – BA - 43,48%
31ª) Faculdade de Direito Milton Campos – FDMC - Nova Lima – MG - 43,33%
32ª) Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ – Rio de Janeiro - RJ - 42,86%
33ª) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro -UNIRIO - -Rio de Janeiro - RJ - 41,18%
34ª) Universidade Federal do Maranhão – UFMA - Imperatriz – MA - 40,91%
35ª) Universidade do Estado da Bahia – UNEB - Juazeiro – BA 40%
36ª) Universidade Estadual da Paraíba – UEPB - Guarabira – PB - 40%
37ª) Universidade Federal de Uberlândia – UFU - Uberlândia – MG - 39,06%
38ª) Universidade Federal do Maranhão – UFMA - São Luis – MA - 38,81%
39ª) Universidade do Estado da Bahia – UNEB - Jacobina – BA - 37,50%
40ª) Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG - Rio Grande – RS - 37,50%
41ª) Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP – Ouro Preto - MG - 37,14%
42ª) Fundação Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD - Dourados – MS - 36,67%
43ª) Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ - Rio de Janeiro – RJ - 36,61%
44ª) Universidade Federal de Alagoas – UFAL - Maceió – AL - 36,46%
45ª) Universidade Federal do Amapá – UNIFAP - Macapá – AP - 36,36%
46ª) Universidade Estadual de Maringá – UEM - Maringá – PR - 36,36%
47ª) Universidade do Estado do Rio Grande do Norte- UERN Mossoró – RN - 35,48%
48ª) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN - Caicó – RN - 35,29%
49ª) União das Escolas do Grupo Faimi de Educação - FAIMI - Mirassol – SP - 35,29%
50ª) Universidade Federal do Pará – UFPA - Belém – PA - 34,42%
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Visita da CERT à FDRP

Arrisco-me a dizer que na manhã desta última quarta (14/09) ocorreu na nossa faculdade a reunião mais importante do ano para os propósitos que a FDRP ostenta. Para quem não sabe, a CERT (Comissão Especial de Regimes de Trabalho) está iniciando um processo de elaboração de mecanismos de avaliação da atividade docente na USP. Nesse momento, esse projeto está na sua primeira fase, na qual os membros da Comissão estão visitando as unidades e conversando com os membros das suas instâncias decisórias, apontando problemas e propondo soluções relacionadas ao tema.
O membro que ficou encarregado de visitar a FDRP foi Ricardo Ribeiro Terra, Professor Titular de Teoria das Ciências Humanas da FFLCH-USP e coordenador do Núcleo de Direito e Democracia do CEBRAP. Segundo relatos, inevitavelmente distorcidos pelas imprecisões da minha percepção, a conversa foi incisiva. Primeiro, porque o representante estava inteirado dos conteúdos dos relatórios enviados pelos nossos professores para a CERT, bem como dos conflitos de interesses entre docentes e a FDRP. Depois, porque desmitificou visões consolidadas entre os docentes da área de Direito, referentes à avaliação da produção de trabalhos acadêmicos bem como da produtividade no exercício de suas atividades.
Com relação ao primeiro tópico, dentre outras coisas, o professor atacou o corporativismo existente entre os nossos professores que coadunam com relatórios muitas vezes medíocres apresentados pelos docentes à apreciação da CERT; defendeu que mesmo a expressiva cifra de alunos com bolsa de iniciação científica da FDRP é resultado pífio se comparado a outras unidades de maior excelência acadêmica; sustentou a necessidade da elaboração de planos de longo prazo para a pesquisa, ensino e extensão segundo critérios internacionalmente aceitos e apontou para a baixa produtividade da maior parte dos nossos docentes.
Com relação ao segundo, desmistificou a imagem da São Francisco enquanto ilha de excelência, defendendo que a escola, apesar da sua tradição, não representa exemplo a ser seguido pela FDRP, dada a pequena produção acadêmica per capita dos seus docentes, a alta parcela de professores em regime de dedicação parcial, e o baixo impacto de grande parte da sua produção acadêmica, excessivamente concentrada em publicações na revista da própria FDUSP. Criticou ainda a postura relutante de parcela dos professores que atribuem à “carência de recursos” a pequena produção intelectual dos nossos professores, mostrando exemplos de unidades dentro da própria USP com resultados excelentes e com recursos ainda mais precários.
Nesse contexto, fico imaginando: O que diria o ilustre visitante a respeito do costume que vai se consolidando entre alguns de nossos professores que lecionam/orientam alunos da São Francisco, não mostrando interesse na consolidação da pós-graduação aqui na FDRP? E sobre as atividades desempenhadas por outros como professores de cursos privados oferecidos sem a devida comunicação e aprovação pelos seus respectivos departamentos, Congregação e a própria CERT? E a respeito do interesse mostrado por grande parcela dos docentes de alterar seus regimes de trabalho para atuarem como professores em tempo parcial no futuro?
Se na FDRP os pleitos defendidos por esse blog para a identificação e aplicabilidade dos interesses comuns dificilmente ganham adeptos, em especial quando potencialmente conflitantes com interesses privados muitas vezes difíceis de identificar (como a transparência das discussões ocorridas nos órgãos colegiados), parece que é na CERT que minha esperança restará depositada a partir desse ponto.  Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.   
egvser

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Desta vez, a confusão entre os interesses públicos e privados na Justiça

Precedente perigoso
Estadão - 09 de setembro de 2011
A irritação das diferentes instâncias e braços especializados do Poder Judiciário com o não atendimento de suas pretensões salariais, por parte dos governos estaduais e da União, pode levar alguns setores da magistratura a substituir a isenção pelo viés corporativo, nas sentenças e acórdãos das ações judiciais em que o Executivo é parte.
Divulgada pelo site Consultor Jurídico, a amostra mais recente dessa tendência ocorreu na 3.ª Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que condenou a Fazenda Estadual a indenizar em R$ 10 mil - a título de ressarcimento de danos materiais e morais - um advogado paulista, por causa da greve promovida em 2004 pelos serventuários judiciais. Alegando que a suspensão das atividades da Justiça estadual o impediu de auferir rendimentos da prática da advocacia, ele acusou o governo paulista de ter-se omitido, não remunerando adequadamente os serventuários judiciais, não tomando medidas para atender às demandas dos grevistas e não fornecendo apoio logístico aos advogados.
A pretensão é absurda, uma vez que a greve dos servidores judiciais foi deflagrada contra o Judiciário, e não contra o Executivo. A responsabilidade pela política de remuneração dos serventuários é da cúpula da Justiça, e deve ter como base suas verbas orçamentárias. Ao Executivo cabe preparar o orçamento, com base nas estimativas de arrecadação e no princípio de equilíbrio entre receita e despesa, sendo a avaliação e a aprovação da proposta orçamentária matéria de competência do Legislativo.
Mesmo assim, a 3.ª Câmara do TJSP acolheu a pretensão absurda, por 2 votos contra 1, sob a alegação de que o Executivo paulista teria desrespeitado o mandamento constitucional que determina revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos. "Bastasse o Poder Executivo Estadual repassar a verba atinente ao reajuste dos servidores para que a greve não fosse deflagrada", afirmou o relator do processo, desembargador Barreto Fonseca. Além de acusar de omissão o governador à época, o desembargador apresentou outro argumento polêmico. Segundo Fonseca, os responsáveis pelo Executivo estadual deveriam ver "que lhes sai mais barato cumprir a Constituição da República e dar reajustes dignos, do que pretender entesourar às custas dos servidores".
A origem desse argumento, que vem sendo utilizado de forma cada vez mais recorrente pela magistratura, está na leitura equivocada da Constituição de 88. Ao contrário do que dizem os juízes, o inciso X do artigo 37 da Carta Magna não determina o reajuste anual obrigatório de salários do funcionalismo público. Prevê apenas uma "revisão geral anual" dos vencimentos do funcionalismo - o que, obviamente, depende das disponibilidades do Tesouro. Revisão, como está nos dicionários, é sinônimo de "nova leitura" ou "novo exame" - e não de obrigação.
A decisão da 3.ª Câmara do TJSP não se baseou em fundamentos jurídicos para condenar a Fazenda paulista a pagar uma indenização por danos materiais e morais a um advogado e, sim, nos argumentos que têm sido invocados pela cúpula do Judiciário e pelas entidades da magistratura para pedir aumento salarial e criticar os cortes orçamentários promovidos pelo Executivo para assegurar o equilíbrio das finanças públicas.
Em suas reivindicações corporativas, a magistratura costuma lembrar que o Judiciário é um poder independente e autônomo - a exemplo do Executivo e do Legislativo. De fato, os Poderes são autônomos, em termos funcionais, e independentes, em termos políticos. No entanto, os juízes se esquecem de que o orçamento é único, o cofre é um só e a responsabilidade pela alocação orçamentária de todos os recursos que saem e de todo o dinheiro que entra é exclusiva do Executivo.
Esse é um dado elementar nos Estados que consagram o princípio da tripartição dos Poderes. E essa é a lição que a Justiça - cuja média salarial sempre foi maior do que a do Executivo e a do Legislativo - deveria aprender, neste momento em que a União e os Estados vêm sendo obrigados a reajustar suas previsões de gastos e receitas.