terça-feira, 17 de abril de 2012

Questionamentos dos alunos da São Francisco sobre o seu Projeto Pedagógico


Como se observa do texto que reproduzo aqui, os alunos da São Francisco também estão em pleno processo de avaliação e crítica da sua grade curricular, projeto pedagógico e metodologia de ensino que a escola tem empregado.

O critério utilizado para fazê-lo, ao mesmo tempo que levanta críticas, permite, por outro lado, evidenciar diferenças em relação à outras escolas de prestígio que contribuem para desmistificar dogmas que perpetuam o anacronismo do ensino jurídico brasileiro, talhado em grande medida pela própria escola paulistana.

Aqui em Ribeirão, apesar da nossa proximidade geográfica com outras unidades com as quais poderiam ser exploradas parcerias para combater o autismo metodológico em que nos metemos (como a FEA, a Psico e a matemática), muitos alunos ainda lutam para tornar nosso curso mais "franciscano".

Acreditamos na predominância das disciplinas dogmáticas, considerando as outras meras "perfumarias".

Reclamamos de ser muito exigidos na disciplina de matemática financeira, considerando absurdo que o professor da FEA exija o mesmo de nós em relação ao que cobra dos alunos da sua unidade.

Reclamamos que a disciplina de contabilidade seja obrigatória. 

Reclamamos das disciplinas de micro e macroeconomia. Questionamos a necessidade de aprender os seus conceitos.

Reclamamos do curso integral. 

Queremos mais tempo para estagiar.

E relativizamos a importância do docente em dedicação exclusiva.

Para combater essa inocente ignorância servem levantamentos como o que foi realizado pelos representantes da São Francisco.

Parabéns aos colegas pela iniciativa.

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De fora para dentro: Um novo currículo para o curso de direito da USP
                   Texto escrito pelos estudantes do Grupo Universidade Crítica, atual gestão da Representação Discente da Faculdade de Direito da USP.

A Faculdade de Direito da USP vem rediscutindo com intensidade sua Matriz Curricular e Projeto Político-Pedagógico (PPP). A demanda da aprovação de uma nova grade, estruturada por um Projeto Político-Pedagógico, se deu, principalmente, pela aprovação da mal planejada grade de 2007, que vem causando transtorno na vida dos estudantes desde sua implementação em 2008.
Para a reforma ocorrer, no entanto, faz-se necessário um estudo profundo e pedagógico sobre o que deve constar num currículo de Direito, bem como aplicação das Diretrizes Curriculares Nacionais, que já descrevem na forma de Resolução, alguns pontos fundamentais que um curso de Direito deve ter (Resolução CNE/CES N° 9, de 29 de setembro de 2004).
No intuito de dar um caráter prático e palpável das discussões, foi feito em 2011 um levantamento dos considerados melhores cursos de Direito do mundo. Harvard (EUA), Oxford (Inglaterra), Tor Vergata (Itália), Heidelberg (Alemanha), Los Andes (Colômbia) e Coimbra (Portugal), foram algumas das Faculdades estudadas para tal pesquisa.
O estudo foi feito no âmbito da Subcomissão de Reforma da Grade e do Projeto Político-Pedagógico, submetida à Comissão de Graduação, e se baseou na resposta a 10 questões que refletiam de forma abrangente, mas também prática, os pontos principais da estruturação de um curso de Direito. Tais perguntas tinham por função dar um norte à pesquisa. Eram elas:
1)      A graduação em direito em sua instituição é em tempo integral ou em tempo parcial?
2)      Qual é, em média, a porcentagem de disciplinas obrigatórias ao longo do curso de graduação em direito? A partir de que momento o aluno pode escolher disciplinas optativas?
3)      Quantas horas por semana, em média, um aluno de graduação em direito fica em sala de aula?
4)      Qual é a porcentagem média de disciplinas que possuem oficinas ou seminários em grupos menores de alunos? Que porcentagem aproximada de tempo elas ocupam em relação ao total de horas de aula do curso?
5)      Quantos alunos, em média, há em uma sala de aula (ou turma) ao longo da graduação em direito?
6)      Qual é, em média, a carga horária semanal de aulas de um professor (disciplinas de graduação apenas)?
7)      Quantas disciplinas de graduação, em média, estão sob a responsabilidade de cada docente em cada semestre ou período letivo?
8)      Qual a porcentagem de docentes em dedicação integral à docência e à pesquisa?
9)      Qual a porcentagem aproximada da grade curricular não correspondente a matérias dogmáticas?
10)   Atividades de pesquisa e extensão são obrigatórias no currículo do aluno? Quantos créditos relativos a atividades de pesquisa e extensão o aluno deve cumprir?
Após a obtenção das respostas por meio dos sites das Faculdades internacionais e também com a ajuda de alguns estudantes e docentes que estiveram no exterior e compartilharam suas experiências, fez-se um estudo comparativo entre os diferentes cursos de Direito, incluindo o da Universidade de São Paulo. Foram feitos gráficos e, ao fim, montou-se uma apresentação para ampla exposição entre os estudantes e docentes.






O resultado mostrou a discrepância existente entre o curso de Direito do Largo de São Francisco, mais tradicional do País, e os outros cursos de Direito renomados do exterior, principalmente no que tange a quantidade de horas que um aluno tem aulas em sala de aula, infraestrutura, interdisciplinaridade das disciplinas e obrigatoriedade de atividades como extensão e pesquisa.
Cabe frisar que o objetivo desse levantamento nunca foi o de fazer um “recorta e cola” das melhores características internacionais e aplicá-las ao curso de Direito da USP, mas mostrar a desproporção entre os cursos do exterior e o da São Francisco. Esse estudo combate o senso comum, disseminado entre estudantes e docentes, que confortavelmente crê na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco como uma instituição de referência e destaque, provando, ao contrário disso, a necessidade e urgência de uma ampla reestrutração curricular.
Ao se pensar um novo currículo para cursos da USP é preciso levar em conta seu caráter público. Os estudantes precisam ter consciência da sociedade que os rodeia e que financia seus estudos, criando um vínculo de responsabilidade para com a população de São Paulo e do resto do País. Daí a necessidade de se pensar um curso crítico, social, que vise à melhora do País e lute para o fim das mazelas como a miséria, fome, extrema desigualdade, falta de acesso à educação e sistema de saúde, entre outros.
Para os mais céticos, não se trata aqui de utopias socialistas, mas de uma conscientização do que ocorre no Brasil e a noção de agente público que um estudante da universidade pública tem. Um curso de Direito, ou qualquer outro, precisa se sensibilizar com a sociedade e questionar: o que o Brasil precisa? A resposta deverá ser o princípio norteador dos cursos, para tentar acabar com os muros, também invisíveis, de uma universidade que pertence a todos e que se fecha cada vez mais para o que está fora dela.

terça-feira, 10 de abril de 2012

A USP muda a pós-graduação


O Estado de S.Paulo - 10/04/2012
A Universidade de São Paulo (USP) decidiu reestruturar o sistema próprio de avaliação de seus cursos de mestrado e doutorado, vigente há anos, adotando um modelo parecido com o que vem sendo usado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Com cerca de 26,5 mil alunos de pós-graduação matriculados em seus dez campi, a maior universidade brasileira mantém 308 mestrados e 299 doutorados, e é responsável pela formação de 20% de todos os doutores do País.
No ano passado, a instituição - que tem 5.865 professores, dos quais 84,8% trabalhando em regime de tempo integral - outorgou 3.492 títulos de mestre e 2.338 títulos de doutor. Segundo o Ranking Acadêmico de Universidades do Mundo (ARWU, na sigla em inglês), a USP é a universidade que mais vem formando doutores em todo o mundo. No índice geral, que leva em consideração a qualidade, ela está entre as 150 melhores.
Atualmente, a USP promove uma avaliação trienal de seus programas de pós-graduação, mas não fiscaliza curso por curso. Já a Capes, que é o órgão federal responsável pela pós-graduação no País, avalia não apenas os programas de pós-graduação, mas todos os cursos, atribuindo notas a cada um deles e publicando a lista dos cursos recomendados por sua excelência. Dos 239 programas de pós-graduação oferecidos pela USP no ano passado, 37 receberam a nota máxima da Capes, que vai de zero a sete; 49 ficaram com a nota 6; 85 obtiveram a nota 5; 55 receberam a nota 4; e 13, a nota 3. De 2011 para 2012, foram criados mais 3 programas.
"A USP tem um problema. Ela é grande demais, atua em muitas áreas, diferentemente de outras instituições mundiais de renome. E, por sermos grandes, precisamos de uma avaliação interna como são as externas, só que mais amplas", diz o pró-reitor de pós-graduação, Vahan Agopyan.
As duas avaliações são complementares. A avaliação interna permite à instituição refinar a avaliação externa, fornecendo informações precisas sobre o que deve ser mudado, em matéria de projetos pedagógicos, linhas de pesquisa e criação de novos cursos. "A avaliação da Capes é excelente, mas a USP tem de definir o que quer", afirma Agopyan. Segundo ele, em vez de elaborar um ranking de programas de pós-graduação, como faz a Capes, a USP pretende usar a avaliação interna para rever as diretrizes de cada um de seus cursos.
O novo sistema de avaliação ainda está sendo discutido no Conselho de Pós-Graduação, juntamente com a minuta de um novo regimento. A ideia é submetê-lo à votação no colegiado ainda este mês. Se for aprovado, o projeto segue para o Conselho Universitário. Pelas novas regras, que devem entrar em vigor a partir de 2013, as avaliações deixam de ser trienais e passam a ser anuais. As unidades da USP também terão maior autonomia, como forma de estimulá-las a promover uma atualização permanente do currículo dos cursos de mestrado e de doutorado e a elevar o nível de preparo dos pós-graduandos. A ideia é formar mestres e doutores com o "perfil de líder".
A proposta também prevê que o mestrando ou doutorando seja submetido a uma avaliação, um ano e meio após ter se matriculado na pós-graduação. E, no final do curso e das atividades de pesquisa, antes de ser arguido oralmente por uma banca examinadora, sua dissertação ou tese será objeto de um relatório escrito. A inovação visa a estimular o pós-graduando a se preparar melhor para a arguição. A proposta prevê ainda que docentes sem título de doutor possam, em casos excepcionais, integrar programas de pós-graduação da USP.
Adotada pela Capes, que foi criada em 1951, quando o Brasil contava apenas 60 mil alunos no ensino superior, a avaliação dos cursos de mestrado e doutorado foi decisiva para oferecer professores e cientistas qualificados para as instituições de ensino superior. A comunidade acadêmica sempre reconheceu a importância das avaliações, mas jamais deixou de advertir para o risco de uma burocratização excessiva das atividades docentes e de pesquisa. É esse risco que a USP tem de evitar.

Brasil negocia instalação de sede do MIT no País


O Estado de São Paulo - 10/04/2012
BOSTON - O governo brasileiro e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), umas das mais respeitadas instituições de pesquisa e inovação dos Estados Unidos, estão em negociação a abrir uma sede da instituição no Brasil.
O convite foi feito à instituição pelo governo brasileiro e a informação foi divulgada nesta terça-feira, 10, durante a visita da presidente Dilma Rousseff à sede do instituto, na cidade de Cambridge, próxima a Boston.
Segundo o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, as negociações para a abertura da possível sede do MIT no Brasil estão em andamento e ainda não há previsão sobre a cidade onde ela ficará.
"Estamos agora concluindo as negociações e a presidenta deu integral apoio. Vamos ter uma escola do MIT no Brasil.”
Ainda de acordo com Mercadante, também não há previsão da data de quando o centro poderá ser inaugurado.
"(Para) Tudo no Brasil nós temos pressa. Então depende do ritmo deles, o nosso vai ser bem acelerado", disse.

ITA
Também nesta terça-feira, a presidente Dilma Rousseff participou da assinatura de dois acordos de cooperação entre a Escola de Engenharia do MIT e o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), que tem sede em São José dos Campos, São Paulo.
Os termos do primeiro acordo de intenções ainda serão concluídos nos próximos meses, mas devem envolver o intercâmbio de estudantes, professores e pesquisadores, pesquisas conjuntas e o desenvolvimento de novos programas educacionais.
De acordo com Mercadante, o convênio também prevê a criação de um centro de inovação na sede do ITA.
Já o segundo convênio envolve a concessão de 50 bolsas para doutores brasileiros estudarem no MIT.

Parceria 

No segundo dia de sua visita oficial aos Estados Unidos, a presidente Dilma Rousseff prioriza uma agenda voltada principalmente para os temas de educação, tecnologia e inovação, com especial atenção à divulgação do programa Ciência sem Fronteiras, que prevê a concessão de 100 mil bolsas de estudo para brasileiros no exterior.
Em um discurso na sede do MIT, Dilma voltou a citar uma "parceria para o século 21" entre Brasil e Estados Unidos.
"Acredito que a parceria que nós temos para o século 21 está baseada no conhecimento. Este século é o século em que o conhecimento e a capacidade de cada uma das pessoas importará na construção de um mundo mais rico, mas também um mundo mais pacífico", disse.
Na manhã desta terça-feira, Dilma visitou o Media Lab do MIT. O laboratório reúne artistas, engenheiros e cientistas que usam abordagens pouco ortodoxas para desenvolver projetos em áreas como neuroengenharia, aprendizado e desenvolvimento de veículos.
A presidente também participou de uma mesa-redonda com cientistas e pesquisadores na sede do instituto.
Segundo a direção da instituição, há um total de 58 estudantes brasileiros atualmente no MIT, sendo 10 de graduação, 40 de de pós-graduação e oito visitantes. Há também sete brasileiros em programas de pós-doutorado e três professores do Brasil.