terça-feira, 16 de agosto de 2011

Resquícios do patrimonialismo: A confusão entre os interesses privados e públicos na FDRP

Para os leitores desse blog que se recordam, o texto “Desdobramentos recentes: partidos políticos, projetos em conflito e conceitos em disputa”, publicado nesse blog em 10/04, apontava para um cenário no qual “os grupos políticos em atuação nas nossas instâncias decisórias teriam suas ações marcadas fundamentalmente pela produção de “teses” distintas e desconexas, elaboradas estrategicamente para compatibilizar interesses pessoais dos membros que o compõem, sacrificando a capacidade da faculdade de destinar seus recursos humanos e materiais para a consecução de suas finalidades institucionais, ainda que sua identificação ainda esteja longe de se consolidar”.
Infelizmente, sem que a grande maioria dos alunos tomasse qualquer conhecimento, situações que concretizam o cenário acima descrito têm ocorrido cada vez mais freqüentemente.
Tome a situação vivida pela turma do 2º ano com relação à disciplina de “Metodologia”: Que lógica haveria em vetar a iniciativa de um professor do Departamento de Direito Público que se disponibiliza a ministrar a disciplina pela ausência de professor que ainda está por ser contratado?  Pois, acreditem, foi essa a decisão do Departamento, por unanimidade de votos. Aqui se observa um exemplo no qual a faculdade se torna incapaz de destinar seu recurso humano (professor) para atender sua finalidade institucional de oferecer aos alunos o professor mais competente e motivado para ministrar a disciplina. Dessa, quem sai mais prejudicado é certamente o aluno.
E porque situações como essa acabam por ocorrer? Basicamente, porque o grupo político dominante articula meticulosamente suas ações com a finalidade de enfraquecer docentes identificados como “rivais” e “não subordinados” aos seus projetos (particulares, diga-se de passagem), independentemente do interesse dos alunos e, principalmente, da instituição. Aliás, ao que me parece, não há para esse grupo diferença entre o seu interesse, o interesse dos alunos e o interesse da instituição. Tudo acaba sendo tratado como um mesmo interesse.
Outro exemplo pode ser citado a partir do que ocorreu com a turma 2. Ali, verificou-se na fala de um docente que o seu interesse particular de ver sua disciplina com mais créditos obrigatórios na grade curricular da FDRP foi defendido como se fosse coincidente com o interesse da instituição e dos alunos. O interesse da instituição, que é possuir o projeto pedagógico mais adequado possível para formar profissionais para uma sociedade em transição, objetivo que exige a contribuição e esforço de muitos especialistas de diversas áreas do conhecimento, restou ignorado no seu discurso, deflagrando a confusão de interesses acima denunciada.
E no Centro Acadêmico? Que tal usar a instituição para emitir “nota de repúdio” em nome dos alunos contra docente que não agradou parte de sua turma? Veja como o interesse de poucos acaba sendo igualado ao interesse de todos. Para quem vê de fora, parece ser evidente que o problema de uma sala é problema daquela sala, e não da coletividade dos alunos. Para eles, contudo, é natural que, na ameaça dos interesses pessoais dos seus diretores e protegidos, toda a “máquina representativa” dos alunos seja mobilizada para defendê-los contra quem quer que ouse ameaçá-los.
E, infelizmente, outros exemplos não faltam.
O que falta, isso sim, é serenidade para identificar os contornos do interesse da instituição, o que, admito, não é tarefa das mais simples. Mesmo assim, apenas para iniciar essa discussão, é fácil deduzir que esse interesse deve ser capaz de projetar a faculdade, no médio e no longo prazo, para o pleno cumprimento de suas aspirações mais elementares: excelência no ensino, na pesquisa e na extensão. A sua identificação, portanto, depende da contribuição de especialistas nessas áreas, bem como representantes das instituições que demandarão os profissionais que aqui se formarem.
E, antes que me perguntem, eu não sei qual seria o interesse da FDRP. Sei, porém, o que não o é:
1)      O interesse da FDRP não é o interesse do diretor.
2)      O interesse da FDRP não é o interesse dos docentes que controlam as instâncias decisórias.
3)      O interesse da FDRP não é o interesse dos alunos de hoje nem do futuro.
4)      O interesse da FDRP não é o interesse do Centro Acadêmico.
5)      O interesse da FDRP não é o meu, e nem o seu interesse.

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